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A importância da Due Dilligence jurídica nas operações de aquisições, fusões, incorporações e IPO (por Miguel Teixeira Filho)

08/12/15


1. Introdução

O procedimento de due diligence, no campo jurídico, é medida salutar nas operações de aquisições, fusões e incorporações de empresas (M&A), bem como em hipóteses de IPO.

Tem como objetivo apontar os principais pontos críticos e relevantes na estrutura legal da sociedade, bem como em suas relações com terceiros, buscando identificar riscos e passivos legais, objeto ou não de processos administrativos e judiciais. Quando possível, também busca quantificar o valor de tais responsabilidades, apontando providências para a eliminação ou minimização dos riscos identificados

Alguns princípios devem ser observados pelo consultor jurídico na execução deste trabalho, dentre os quais destacamos, o rigor técnico na execução dos serviços, a total confidencialidade quanto aos dados das empresas e pessoas físicas bem como a observância dos prazos para conclusão dos trabalhos.

Busca-se uma radiografia da empresa, a partir de dados e documentos disponibilizados pela sociedade, informações obtidas junto aos seus empregados e demais colaboradores, bem como a partir de dados obtidos perante órgãos púbicos das esferas municipal, estadual e federal.

O procedimento de due diligence pode assumir enfoques contábil e/ou jurídico.

No âmbito jurídico a due diligence objetiva: a) apontar os principais pontos críticos e relevantes existentes na estrutura jurídica da sociedade; b) identificar riscos e passivos legais, oriundos dos processos judiciais e administrativos em que esta figura como parte, e, quando possível, quantificar o valor de tais responsabilidades; c) identificar providências para a eliminação ou minimização dos riscos identificados; e d) determinar a melhor forma e estratégia de estruturação da transação (in Azevedo Sette).

2. Alguns campos de verificação

No campo societário, a verificação gira em torno da análise dos documentos societários da empresa, acordos de sócios e/ou acionistas, participação dos sócios em outras empresas e sua interferência na pessoa jurídica sob negociação, bem como as procurações outorgadas pela empresa.

No que diz respeito a contratos, o procedimento deve envolver, dentre outros atos negociais, a análise dos contratos de financeiros, contratos com fornecedores, contratos com clientes, contratos e parcerias, joint-ventures, cessão de direitos, etc, com a identificação de responsabilidades e garantias.

A propriedade imobiliária também é um tema de relevante interesse na due dilligence, cabendo uma análise de documentos relacionados à posse e propriedade, tais como escrituras de propriedade, contratos de aluguel e correspondentes garantias.

O campo das obrigações trabalhistas é outro de fundamental importância para um completo diagnóstico, não podendo o consultor se descuidar da análise de situações individuais de risco (terceirizações, autônomos, representantes comerciais etc), assim como da análise de litígios trabalhistas e dos passivos eventualmente existentes. De igual modo as obrigações fiscais e previdenciárias, com análise das certidões emitidas pelas Fazendas Federal, Estadual e Municipal, bem como dos litígios administrativos e judiciais fiscais, identificando-se riscos e possível quantificação de passivos ocultos.

Cabe também a análise dos litígios comerciais nos quais a pessoa jurídica está envolvida, com verificação das certidões emitidas pelos órgãos judiciais das diversas especialidades (Justiça Estadual, Federal, Trabalhista etc), verificando-se os casos relevantes, analisando-se os relatórios emitidos pelos advogados da empresa, análise das peças processuais principais, também se identificando os riscos e possível quantificação de passivos.

O campo ambiental é de crucial importância, dependendo da atividade desenvolvida pela empresa, com análise de licenças ambientais e sanitárias, bem como de eventuais autuações e sua situação processual.

Por fim, o consultor não poderá se descuidar da verificação das eventuais marcas e patentes da empresa, com análise dos documentos respectivos e sua situação registral junto aos órgãos competentes.

Obviamente que os pontos acima abordados o foram em caráter meramente exemplificativo, uma vez que o escopo poderá ser ampliado a depender das características de cada negócio.

3. Conclusão

Concluída análise dos elementos, e avaliados os pontos que eventualmente possam causar influência nas negociações almejadas, a equipe de consultoria gerará um relatório conclusivo que orientará o cliente na tomada de decisões, bem como orientará a assessoria jurídica para elaboração das minutas de contratos e atos societários, bem como das minutas para a oferta pública de ações e demais operações planejadas.


[ Miguel Teixeira Filho é Advogado em Joinville, sócio sênior da Teixeira Filho Advogados Associados ( www.teixeirafilho.com.br ). Atuação com ênfase em direito tributário, direito penal-tributário, direito administrativo e direito comercial. Palestrante. Ex-Conselheiro Estadual da OAB/SC (2007/2009); Ex-Presidente da OAB Subseção de Joinville/SC (2010/2012), quando institui a Revista Eletrônica OAB Joinville (http://revista.oabjoinville.org.br) ]



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