A Rolls Royce assinou um acordo com autoridades do Departamento de Justiça do governo dos Estados Unidos (DoJ, na sigla em inglês) e com o Ministério Público Federal pelo qual vai pagar US$ 26 milhões ao Brasil e contribuir com as investigações a respeito de propinas em contratos com Petrobras.
A empresa vai pagar ainda US$ 169,9 milhões ao DoJ e 497,3 milhões de libras (US$ 603,5 milhões) à autoridade contra fraudes do Reino Unido.
O valor a ser destinado ao Brasil deverá ser remetido aos cofres da estatal. O Valor apurou que os termos foram assinados na sexta-feira. A companhia fechou um acordo global à semelhança do que foi assinado pela Odebrecht, em de- zembro passado e que também envolveu três países (Brasil, Estados Unidos e Suíça).
Ao todo, as autoridades investigaram cinco contratos da Rolls Royce com a Petrobras e em três deles foi identificado o pagamento de propina.
A companhia atuou na comercialização de peças para turbinas nas plataformas de petróleo da estatal brasileira e também na fabricação de componentes de navios-sonda. Nos contratos em que foi evidenciada a prática de corrupção, o pagamento foi feito por agentes contratados pela Rolls Royce, e não diretamente pela companhia.
Na Operação Lava-Jato, a Rolls Royce apareceu pela primeira vez num depoimento de Pedro Barusco, o ex-gerente da Petrobras que concordou em entregar provas de corrupção e a devolver o dinheiro desviado em troca de redução de pena. Em um dos depoimentos de sua delação premiada, Barusco afirmou que recebeu US$ 200 mil da Rolls Royce para ajudar a garantir à companhia um contrato de US$ 100 milhões com a Petrobras. De acordo com os autos do processo, o intermediário dos pagamentos teria sido o lobista Júlio Faerman.
A Rolls Royce está numa lista de empresas estrangeiras sob investigação na Operação Lava-Jato e do DoJ que envolve outras companhias, como a SBM e a Keppel. Essas empresas podem ser processadas nos Estados Unidos pela lei de punição a práticas de corrupção internacional, conhecida como FCPA. No Brasil, elas estão sob apuração da Lava-Jato.
Fonte: Valor Econômico - Juliano Basile - Colaborou Paula Selmi, de São Paulo)